Olha só, eu sou uma pessoa produtiva, gosto muito de trabalhar e costumo fazer quinze mil coisas ao mesmo tempo e o pior, gosto disso! Mas esse ano tá difícil de levar! E aí, pra quem é professor vem a pergunta que não quer calar e pulsa no mais íntimo do meu ser docente...Falta muito pro Natal!!!!
Por favor, diz que não!!!!
Eu já estou um caco!!! No limite das minhas forças!!! O ano não acaba e o trabalho só aumenta!!! Nem pintar que é algo pelo qual tenho um prazer incrível eu tenho conseguido fazer. Dias nebulosos se aproximam.
Mesmo questões que motivam o meu humor sagaz...assuntos profundos que gosto de discutir com o Ricardo, como, pra onde vão uma das meias do par no inverno (e não diga que isso só acontece comigo...ou você também não perde só um par da meia e, embora a sua casa seja um ovo e ninguém entre lá além de você e seu marido/esposa, você nunca sabe onde as meias foram parar); ou ainda por que a batata do outro é sempre mais gostosa que a sua, ou, por que a fila que não anda é aquela em que você entrou. Enfim assuntos de profundo interesse científico, que são sempre abordados em momentos de profundo questionamento existencial e investigados a exaustão.
Óbvio que são assuntos importantes e amplamente investigados. E isso se comprova na prática! Como? Vamos lá:
- Eu nunca deixei de comprar pares meias, embora eu saiba que uma inevitavelmente migrará para Shangrilá (e quem não viu o filme, não está perdendo nada). E, ainda assim elas continuam sumindo – isso comprova o que fenômeno do buraco negro pode acontecer em qualquer lugar, até mesmo na sua gaveta ou lavadora;
- Quando a inveja da batatinha do vizinho se torna irresistível existe sempre a possibilidade de troca afinal de contas, ele vai dizer que a sua está muito melhor que a dele...por sorte, a batatinha quase sempre é a do meu marido e como ele sempre quer trocar, as evidencias falam por si só! (ou ele não é louco de dizer que não – também é uma possibilidade que pode ser levada em consideração, afinal de contas, nunca se sabe quando uma mulher está na TPM);
- E a fila...bem, para essa comprovação científica muitos pesquisadores ainda continuam trabalhando, muitos dados vem sendo coletados, mas ninguém chegou a uma conclusão fixa a respeito e o colegiado de Oxford (porque é sempre lá que se estudam as coisas inúteis, já perceberam! Apesar desse não ser um estudo inútil, claro!) vem se reunindo diariamente em busca de dados mais concretos a respeito do assunto.
Bem, apesar de todas essas preocupações absolutamente necessárias para a existência humana com o qual eu me envolvo, apesar de trabalhar nas quinhentas escolas em cinco turnos e ainda fazer turnê com a Madonna...e o pior, gostar de fazer tudo isso! Bem, ainda assim ,eu estou um caco! E não é pelo excesso de atividades, porque eu sempre fiz isso e o que cansa mais, não é trabalhar, mas trabalhar nas condições absurdas em que os professores trabalham.
É perceber que o seu aluno não tem a educação básica, aquela que vem de casa: a do, por favor, com licença e obrigado que a sua mãe cobrava de você quando existia a educação doméstica. É ouvir dos seus superiores que professores são preguiçosos e não querem trabalhar embora VOCÊ vá para o front todos os dias e não eles. É ver a mídia dizer que “professores fazem greve e deixam alunos sem aula” e não que “ professores recebem uma miséria, são agredidos verbal e fisicamente em sala de aula e reivindicam reajuste salarial mais do que justo para a categoria”. É receber pai de aluno querendo saber por que o filho tirou 1 na prova quando na verdade o sujeito merecia era -1 e trabalhos forçados.
Isso é o que cansa, e por mais bom humor e otimismo que se tenha, por mais que envolver-se com outras atividades seja terapêutico e gratificante, dar murro em ponta de faca ou nadar contra a maré e exaustivo!!! E quando chega essa época do ano o bom humor já está indo pro espaço, o cansaço toma conta, e aí, só me resta a pergunta...Falta muito pro Natal?