sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Ordinary World

É estranho pensar em como projetamos sempre grandes coisas para o futuro quando somos muito jovens (digo muito jovens porque eu ainda sou jovem). Quando somos adolescentes estamos cheios de certezas e virtudes que achamos que temos.
Assisti a uma pregação no início da semana que falava sobre Sócrates, que estudou tanto e que no fim declarou: “só sei que nada sei”; assim como Paulo que no inicio se achava o maior dos apóstolos e no fim, o maior dos pecadores.
Como a natureza humana tende ao exagero no inicio da vida e, a uma extrema e sofisticada simplicidade quando o tempo passa. A ponto de idosos que habitam entre nós se tornarem verdadeiros sábios diante da imbecilidade presente, marca registrada nos dias de hoje.
É claro que me considero muito mais madura hoje que a dez, doze anos atrás, quando estava cheia das minhas certezas (ainda tenho um pouco delas e sei que cairão por terra uma a uma com o passar do tempo), assim como me acho muito mais bonita hoje – mais consciente do meu corpo e daquilo que sou, como mulher e como pessoa.
Porém, fatos recentes têm colocado minha cabeça pra funcionar loucamente nos últimos dias.
Por que quando não vemos as pessoas há muito tempo tendemos a imaginar que todas viraram astros pop menos nós? Porque tudo aquilo que acontece com o outro parece ser mais extraordinário do que o que acontece conosco? E, como a vida do outro parece ser tão deslumbrante à distância!!!! Como algumas pessoas que se reencontram parecem nunca ter se separado...tudo tá ali, tão presente, tão intimo; e como outras pessoas parecem nunca ter feito parte do mesmo mundo quando ficam exatamente o mesmo tempo sem se ver.
Pude experimentar o doce e o azedo nos últimos dias e ver como a vida desconstrói as nossas certezas, uma a uma, com o passar do tempo. Como tudo o que parece glamuroso, no fim é só trabalho; como toda felicidade alheia foi construída as custas de muita dedicação; que no fundo somos todos personagens de uma mesma história sem protagonistas, só que as vezes aparecendo em capítulos diferentes...tudo aquilo que parece tão deslumbrante a distância, é apenas vida real sendo construída quando perfuramos a nata superficial que é distância e o tempo.
Ninguém virou astro pop...nem casou no castelo da Chantilly...nem está anos-luz na sua frente profissionalmente falando...estamos todos no mesmo barco...rumando por caminhos diferentes...para nos encontrarmos em algumas paradas mais a frente...ou não...

Nietzsche tinha razão quando disse:

“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”.

Um comentário:

Anônimo disse...

Vinhos não vão ficando mais saborosos com o tempo. Isso é um equívoco perpretado por leigos. Na fala incorruptível de um connoisseur, poeticamente, vai apurando, ganhando alma, anima, animado,personalidade. Você tem se tornado persona. Te amo